A escolha do regime tributário é uma das decisões mais importantes para a saúde financeira de uma Pequena e Média Empresa (PME). Optar pelo enquadramento errado pode significar pagar mais impostos do que o necessário, comprometendo o fluxo de caixa e a capacidade de crescimento do negócio. Muitos empreendedores, por falta de orientação, cometem erros que poderiam ser facilmente evitados com um bom planejamento.
Entender as particularidades de regimes como o Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real é fundamental. Cada um possui regras específicas sobre limites de faturamento, alíquotas e atividades permitidas. Uma decisão mal fundamentada pode gerar não apenas custos extras, mas também problemas com o Fisco. Este artigo funciona como um guia prático para alertar sobre as armadilhas mais comuns e orientar você a tomar a decisão mais segura e econômica para sua empresa.
Principais Destaques
- A escolha do regime tributário impacta diretamente a carga de impostos e a lucratividade da sua PME.
- Erros comuns incluem ignorar o faturamento, a margem de lucro e as particularidades da sua atividade (CNAE).
- Um planejamento tributário anual é a ferramenta fundamental para evitar prejuízos e garantir a escolha mais econômica.
- Decisões baseadas apenas na simplicidade aparente do Simples Nacional podem levar ao pagamento de impostos mais altos.
Erro 1: Escolher o Regime Apenas pela Aparente Simplicidade

Muitos gestores de PMEs optam pelo Simples Nacional acreditando que ele é sempre a alternativa mais barata e menos complexa. Embora a unificação de impostos em uma única guia seja uma vantagem, essa escolha nem sempre resulta na menor carga tributária.
A armadilha do Simples Nacional “padrão”
O Simples Nacional foi criado para facilitar a vida das micro e pequenas empresas, mas sua aparente simplicidade pode ser uma armadilha. As alíquotas variam conforme a atividade e o faturamento, e em certas situações, podem ser mais altas do que as de outros regimes. Empresas com margens de lucro baixas ou com despesas operacionais elevadas, por exemplo, podem acabar pagando mais impostos no Simples do que pagariam no Lucro Real.
Por que o Lucro Presumido ou Real podem ser mais vantajosos mesmo para PMEs
O Lucro Presumido pode ser mais vantajoso para empresas com margens de lucro superiores às presumidas pela Receita Federal e com poucos custos operacionais. Já o Lucro Real é ideal para negócios com margens de lucro apertadas ou que operam com prejuízo, pois os impostos incidem sobre o lucro líquido real, após a dedução de todas as despesas. Segundo especialistas, um erro comum é não analisar essas alternativas, o que pode levar a um enquadramento inadequado e gastos desnecessários.
Erro 2: Não Considerar o Limite de Faturamento Anual

Cada regime tributário possui um teto de faturamento que deve ser rigorosamente acompanhado. Ignorar esses limites é um erro grave que pode levar ao desenquadramento automático e à cobrança retroativa de impostos com multas e juros.
Os tetos de faturamento de cada regime (Simples Nacional, Presumido e Real)
De acordo com as regras vigentes, os limites de faturamento anual são:
- Simples Nacional: Indicado para microempresas e empresas de pequeno porte com faturamento de até R$ 4,8 milhões anuais.
- Lucro Presumido: Pode ser adotado por empresas que faturam até R$ 78 milhões por ano.
- Lucro Real: Obrigatório para empresas com faturamento anual superior a R$ 78 milhões, além de ser a regra para setores específicos como instituições financeiras.
O que acontece quando sua empresa ultrapassa o limite no meio do ano
Se uma empresa no Simples Nacional ultrapassa o limite de faturamento, ela deve comunicar o desenquadramento à Receita Federal. Dependendo do valor excedido, a mudança para Lucro Presumido ou Real pode ser retroativa ao início do ano-calendário. Isso significa que a empresa terá que recalcular e pagar a diferença de todos os impostos do período, acrescidos de multa e juros, o que pode gerar um impacto financeiro significativo e inesperado, conforme orientações do Sebrae.
Erro 3: Ignorar a Margem de Lucro Real da Operação

A margem de lucro é um dos indicadores mais importantes para a escolha do regime tributário, especialmente na comparação entre o Lucro Presumido e o Lucro Real. Desconsiderar essa variável pode fazer com que a empresa pague impostos sobre um lucro que, na prática, não existiu.
Comparando sua margem de lucro com as alíquotas de presunção do Lucro Presumido
No Lucro Presumido, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL é uma presunção de lucro definida pela Receita Federal, que varia conforme a atividade (por exemplo, 8% para comércio e indústria e 32% para serviços). Se a margem de lucro real da sua empresa for maior que essa presunção, este regime pode ser vantajoso. Por exemplo, uma prestadora de serviços com 40% de lucro real se beneficiaria da presunção de 32%.
Como uma margem de lucro baixa pode indicar que o Lucro Real é a melhor opção
Por outro lado, se a margem de lucro da sua empresa for menor que a presunção legal, o Lucro Real se torna a opção mais econômica. Imagine a mesma prestadora de serviços, mas com uma margem de lucro de apenas 10%. No Lucro Presumido, ela pagaria impostos sobre uma base de 32%, um valor muito acima do seu resultado real. No Lucro Real, os impostos incidiriam apenas sobre os 10% de lucro efetivo, gerando uma economia tributária considerável.
Erro 4: Desconhecer as Particularidades do seu CNAE

A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) define quais atividades sua empresa exerce e tem um impacto direto na escolha do regime tributário. Muitos empreendedores não sabem que o CNAE pode tanto restringir o acesso a certos regimes quanto definir as alíquotas aplicáveis.
Como a sua atividade principal (CNAE) pode impedir a opção pelo Simples Nacional
A legislação do Simples Nacional possui uma lista de atividades que são impedidas de optar por este regime. Atividades de consultoria, gestão de ativos, ou algumas profissões regulamentadas, por exemplo, podem ser vedadas. É fundamental verificar se o CNAE principal e os secundários da sua empresa são permitidos no Simples Nacional antes de fazer a opção. Um erro no enquadramento do CNAE pode levar à exclusão do regime e à cobrança de impostos retroativos.
A relação entre o CNAE e as diferentes alíquotas dentro do próprio Simples (Anexos)
Dentro do Simples Nacional, as empresas são tributadas com base em anexos que agrupam diferentes atividades. Cada anexo possui suas próprias faixas de faturamento e alíquotas. A depender do CNAE, uma empresa pode se enquadrar no Anexo I (comércio), no Anexo III (serviços) ou no Anexo V (serviços intelectuais), por exemplo. As alíquotas entre os anexos podem variar significativamente. Portanto, conhecer o anexo correto para o seu CNAE é crucial para calcular corretamente os impostos devidos e evitar surpresas.
Erro 5: Não Realizar um Planejamento Tributário Anual

A escolha do regime tributário não é uma decisão definitiva. A realidade de uma empresa muda: o faturamento pode aumentar, a margem de lucro pode variar e a legislação pode ser alterada. Por isso, tratar a escolha como algo imutável é um erro que pode custar caro.
Por que a escolha do regime não é definitiva e deve ser reavaliada todo ano
O regime tributário é escolhido no início de cada ano-calendário e, em geral, não pode ser alterado até o próximo exercício. Isso torna a reavaliação anual uma prática indispensável. Um regime que foi vantajoso em um ano pode não ser no seguinte. Um planejamento tributário anual permite analisar os resultados do ano anterior e projetar os cenários para o futuro, garantindo que a empresa comece o novo ciclo no enquadramento mais econômico.
O passo a passo para um planejamento tributário eficiente para sua PME
Um planejamento tributário eficaz, também conhecido como elisão fiscal, é um conjunto de procedimentos legais para reduzir a carga de impostos. Para realizá-lo, siga estes passos:
- Levante os dados: Reúna informações como receita bruta anual, despesas operacionais, margem de lucro e despesas com folha de pagamento do último ano.
- Projete cenários: Com base nos dados históricos e nas expectativas de crescimento, simule a carga tributária em cada um dos três regimes (Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real).
- Analise as variáveis: Considere todos os fatores discutidos, como faturamento, margem de lucro e CNAE.
- Tome a decisão: Com o apoio de um contador, escolha o regime que apresentar o menor custo tributário para o próximo ano.
Este processo, conforme destaca o material do Sebrae sobre o tema, é a melhor forma de garantir a conformidade fiscal e a saúde financeira do negócio.
Como a Junior Contador Digital Ajuda sua PME a Evitar Esses Erros

Navegar pela complexidade tributária brasileira exige conhecimento técnico e acompanhamento constante. A Junior Contador Digital oferece o suporte especializado que sua PME precisa para tomar as melhores decisões fiscais e evitar os erros que comprometem sua lucratividade.
Análise tributária detalhada para uma escolha segura
Nossa equipe de contadores realiza um diagnóstico completo da sua empresa. Analisamos seu faturamento, margem de lucro, estrutura de custos e CNAE para simular sua carga tributária nos diferentes regimes. Com base em dados concretos, apresentamos a opção mais vantajosa, garantindo que você pague o mínimo de impostos possível, sempre dentro da legalidade.
Acompanhamento contínuo para garantir o melhor enquadramento ano a ano
Não basta escolher certo uma única vez. Oferecemos um acompanhamento contínuo e realizamos o planejamento tributário anualmente. Monitoramos as mudanças na legislação e o desempenho do seu negócio para garantir que sua empresa esteja sempre no regime mais econômico, ajustando a rota sempre que necessário para otimizar seus resultados.
Perguntas Frequentes
Qual o principal erro ao escolher o regime tributário?
O erro mais comum é escolher o Simples Nacional apenas por sua aparente simplicidade, sem analisar se o Lucro Presumido ou o Lucro Real seriam mais econômicos com base no faturamento e na margem de lucro da empresa.
O que acontece se minha PME ultrapassar o limite de faturamento do Simples Nacional?
A empresa será desenquadrada do regime. Dependendo do valor excedido, a mudança para Lucro Presumido ou Real pode ser retroativa, exigindo o recálculo e pagamento da diferença de impostos do ano inteiro, com multas e juros.
Como a margem de lucro influencia na escolha do regime tributário?
É um fator decisivo. Se sua margem de lucro real for menor que a presunção do Lucro Presumido (ex: 32% para serviços), o Lucro Real é provavelmente mais vantajoso, pois os impostos incidirão sobre um lucro menor e mais realista.
Com que frequência devo revisar o regime tributário da minha empresa?
A revisão deve ser feita anualmente. A escolha do regime é válida para todo o ano-calendário, então o final de cada ano é o momento ideal para realizar um planejamento tributário e decidir o melhor enquadramento para o ano seguinte.
Sobre o Autor
Júnior Araújo
- Título: Contador e CEO da Junior Contador Digital;
- Registro CRC: SP-345376;
- Formação: Ciências Contábeis – Faculdade de Americana (FAM);
- Expertise Principal: Consultoria contábil e fiscal estratégica, com foco em estratégias de estruturação de holdings patrimoniais, planejamento tributário e otimização fiscal para empresas de diversos portes.
- Conhecimento Adicional: Integração de tecnologia em processos contábeis, Normas IFRS;
- Papel no Blog: Editor-Chefe e autor, compartilhando conhecimento prático para PMEs.
Referências
Evasão e Elisão fiscal: Tudo que você tem necessidade saber sobre o planejamento tributário: https://www.contabeis.com.br/noticias/40666/evasao-e-elisao-fiscal-tudo-que-voce-tem-necessidade-saber-sobre-o-planejamento-tributario/
Os 5 erros tributários que as empresas mais cometem e como evitá-los: https://www.taxgroup.com.br/intelligence/os-cinco-erros-tributarios-que-as-empresas-mais-cometem-e-como-evita-los/
EMPRESAS DA ECONOMIA CRIATIVA AS 60 DÚVIDAS JURÍDICAS MAIS FREQUENTES: https://www.oabmg.org.br/doc/cartilha_economia_criativa.pdf
Pagando muitos impostos? Conhecendo Planejamento Tributário!: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/TO/Anexos/%5BeBook%20SebraeBA%5D%20Pagando%20muitos%20impostos%20Conhecendo%20Planejamento%20Tribut%C3%A1rio.pdf